Marcos Maracajá
HISTÓRIA
Em seus "Apontamentos para a história territorial da Parahyba", João de Lyra Tavares cataloga os documentos das sesmarias concedidas e confirmadas pelos governadores de Pernambuco e Paraíba, assim como fizeram Irineu Ferreira Pinto e Irineu Joffily em trabalhos anteriores.
Sobre a sesmaria concernente a Alagoa Nova, Tavares transcreve a concessão das terras do Olho D'Água da Lagoa da Prata, onde se situa Alagoa Nova, primeiro ao Alferes, depois Capitão, José de Abreu Tranca e à sua mãe Maria Tavares Leitão. e mais à frente a confirmação aos filhos deste, Capitão Patrício José de Abreu Tranca, Capitão Antônio Pessoa de Abreu Tranca, e João de Abreu Tranca.
Transcrevo literalmente como está no original da obra de Tavares, edição 1909, Imprensa Oficial, Parahyba, páginas 312, 411 e 412, e em seguida a confirmação aos filhos do Capitão José de Abreu Tranca em 1805, na página 497:
Nº 596 em 21 de Fevereiro de 1763
Maria Tavares Leitão e seu filho José de Abreu Franca dizem que no Cariry, no logar olho d'agua da Prata, se acham terras devolutas, capazes de crear gados, as quaes descobriram; e porque as necessitam e pretendem por sesmarias, confrontando pelo nascente com terras que foram do Mestre de Campos Mathias Soares Taveira; pelo poente com terras de João da Rocha; pelo norte com terras do mesmo Mestre de Campos Mathias Soares Taveira chamadas - Bruxaxá pelo e sul com terras dos Indios Carirys, pediam em conclusão tres leguas de comprido e uma de largo, fazendo peão no olho d'agua do Prata, correndo rumo de sul a norte até se encher, com os olhos d'água e riachos que se acharem. Foi feita a concessão, no governo de Francisco Xavier de Miranda Henrique (p.312).
Nº 839 em 2 de Abril de 1786
Alferes José de Abreu França, morador no Cariry de Fóra, diz que está possuindo há trinta annos terras que achou devolutas, as quaes tem cultivado, e para confirmação do seu dominio quer por sesmaria a porção de tres leguas tendo principio na alagóa chamada dos veados, correndo o rumo direito para o poente passando o dito rumo pela Ladeira Grande, a buscar o logar Almesega, onde teve por foreiro o tenente coronel Gaspar Pereira de Castro até confinar com data do olho D'Agua da Prata com meia legua para o norte e meia legua para o sul até extremar com a data de Domingos Ferreira e seus herdeiros. Foi feita a concessão, no governo de Jerenymo José de Mello Castro (págs. 411 e 412)
Nº 1059 em 18 de Dezembro de 1805
Capitão Patricio José de Abreu Tranca, morador na Villa do Pilar, e seus irmãos Antônio José de Abreu e João de Abreu, dizem que estao em pacífica posse de uma poção de terras na Villa da Rainha com três léguas de comprido e uma de largo, principiando da lagoa Viados cortando rumo direito ao poente buscando Barras da serra da Boa Vista, correndo rumo direito até confinar com a data do olho d'agua da prata com meia legua para o norte e meia legua para o sul até extremar de Domingos Ferreira e seus herdeiros as quaes terras foram dadas ao falecido José de Abreu Franca pae dos suplicantes que lhe succedeu em todos os seus bens, e como não tem o titulo legitimo a querem pedir confirmação da data que se passou a seu pae em 1786 a 2 de Abril, querem nova sesmaria. Foi feita a concessão, no governo de Amaro Joaquim Raposo de Albuquerque (p. 497).
Segue mais uma confirmação de uma sesmaria concedida a dois filhos do Capitão José de Abreu Tranca que não se refere a Alagoa Nova, mas quis a mencionar para demonstrar que os Abreu Tranca eram donos de muitas terras. Na descrição que os solicitantes fazem, mencionam que a terra encontrava-se entre o Cariri e o Sertão paraibano, e é bom observar que o Capitão Patrício José de Abreu Tranca possuía outra propriedade que confrontava com a terra dos solicitantes, João de Abreu Tranca e o Capitão Antônio Pessoa de Abreu Tranca.
Nº 1133 em 14 de Janeiro de 1823
João de Abreu Franca e o Capitão Antonio Pessôa de Abreu Franca, aquelle morador no Cariry de Fóra e este no Brejo de Alagoa Nova, dizem que descobriram terras desaproveitadas entre a divizão que faz o districto de Pombal com a Villa Real de S. João, contestando pelo poente com a Barra do Tanque, terras do capitão Manoel Simões, pelo sul com Cuxulia terras de D. Antonia Martins e Anna de Oliveira, pelo norte com terras do Capitão Patricio José de Abreu Franca, pelo nascente com terras de Antonia Martins, de cujas terras pedem por sesmaria na forma das ordens reaes. Foi feita a concessão por Manoel Carneiro da Cunha e João Barbosa Cordeiro, secretario, membros da junta provisoria da Provincia da Parahyba (p. 526).
A carta de concessão de número 596 de 21 de fevereiro de 1763, e as demais de confirmações, números 839 e 1059 de 2 de abril de 1786, e 18 de dezembro de 1805, confirmam o domínio dos Abreu Tranca onde hoje se situa a cidade de Alagoa Nova.
A carta de concessão de número 596 de 21 de fevereiro de 1763, e as demais de confirmações, números 839 e 1059 de 2 de abril de 1786, e 18 de dezembro de 1805, confirmam o domínio dos Abreu Tranca onde hoje se situa a cidade de Alagoa Nova.
Foram fundadores de Alagoa Nova, Brejo paraibano, Maria Tavares Leitão, natural da Freguesia de Santos Cosme e Damião, Igaraçu, Pernambuco, e seu filho Capitão José de Abreu Tranca (Filho) natural do Sítio Araçás, São João do Rio do Peixe, Paraíba, cujo pai era o Coronel José de Abreu Tranca, natural de Viana do Castelo, Portugal.
A data do domínio é do ano de 1756 porque na solicitação de confirmação da sesmaria em 1786, que o Alferes José de Abreu Tranca fez, diz que a dominava há 30 anos. Embora pareça ser de uma outra sesmaria, vemos como sendo a mesma de número 596, e nesta tomou o número 839, 23 anos mais tarde da concessão propriamente dita em 21 de fevereiro de 1763.
A data do domínio é do ano de 1756 porque na solicitação de confirmação da sesmaria em 1786, que o Alferes José de Abreu Tranca fez, diz que a dominava há 30 anos. Embora pareça ser de uma outra sesmaria, vemos como sendo a mesma de número 596, e nesta tomou o número 839, 23 anos mais tarde da concessão propriamente dita em 21 de fevereiro de 1763.
O Capitão Antônio Pessoa de Abreu Tranca, filho do sesmeiro Capitão José de Abreu Tranca e sua mulher Maria José Freire casou com Ana Freire Pessoa em Alagoa Nova, ali fixou residência desde sua infância e permaneceu ali até seu falecimento. Cuidou da parte que lhe coube da sesmaria, já então Vila de Alagoa Nova, Olho de Água da Prata.
Outros que também possuíam terras eram os descendentes e parentes próximos dos sesmeiros Capitão José de Abreu Tranca e sua mãe Maria Tavares Leitão, conforme Autos de Inventários do Cartório de Ofício Único de Alagoa Nova e do 3º Cartório de Campina Grande, catalogados pelo parente Dr. José Borges de Sales, médico de Alagoa Nova, mas que residiu e faleceu em Fortaleza, Ceará. Sales na Bibliografia do seu livro "Alagoa Nova, notícias para sua História", páginas 222 a 226, fala dos testamentos e inventários de várias pessoas, entre elas, Maria José Freire, esposa do Capitão José de Abreu Tranca (Campina Grande, 1786); Capitão José de Abreu Tranca (Campina Grande, 1798); Capitão Patrício José de Abreu Tranca (Alagoa Nova, 1834); Carlos de Abreu Tranca (Alagoa Nova, 1898); João Freire Mariz (Alagoa Nova, 1895); Francisco de Abreu Tranca (Alagoa Nova, 1857); Pedro Clemente da Santíssima Trindade Abreu Tranca (Alagoa Nova, pacote I, não data); Izabel Caetana de Sant'Ana Freire (Alagoa Nova, 18?); Izabel Caetana de Sant'Ana Freire (Escritura para o Cônego José Antunes Brandão, Alagoa Nova, 1887); Cândida Maria Pessoa (Escritura de Doação, Alagoa Nova, 1887).
Outros que também possuíam terras eram os descendentes e parentes próximos dos sesmeiros Capitão José de Abreu Tranca e sua mãe Maria Tavares Leitão, conforme Autos de Inventários do Cartório de Ofício Único de Alagoa Nova e do 3º Cartório de Campina Grande, catalogados pelo parente Dr. José Borges de Sales, médico de Alagoa Nova, mas que residiu e faleceu em Fortaleza, Ceará. Sales na Bibliografia do seu livro "Alagoa Nova, notícias para sua História", páginas 222 a 226, fala dos testamentos e inventários de várias pessoas, entre elas, Maria José Freire, esposa do Capitão José de Abreu Tranca (Campina Grande, 1786); Capitão José de Abreu Tranca (Campina Grande, 1798); Capitão Patrício José de Abreu Tranca (Alagoa Nova, 1834); Carlos de Abreu Tranca (Alagoa Nova, 1898); João Freire Mariz (Alagoa Nova, 1895); Francisco de Abreu Tranca (Alagoa Nova, 1857); Pedro Clemente da Santíssima Trindade Abreu Tranca (Alagoa Nova, pacote I, não data); Izabel Caetana de Sant'Ana Freire (Alagoa Nova, 18?); Izabel Caetana de Sant'Ana Freire (Escritura para o Cônego José Antunes Brandão, Alagoa Nova, 1887); Cândida Maria Pessoa (Escritura de Doação, Alagoa Nova, 1887).
Alagoa Nova, segundo o IBGE, começou sua história logo no início da colonização do interior paraibano em 1625, mas como vimos anteriormente, o Município surge a partir da concessão da sesmaria número 596 de 21 de fevereiro de 1763 aos solicitantes Alferes José de Abreu Tranca e a sua genitora Maria Tavares Leitão, concedida pelo governador da Paraíba, Francisco Xavier de Miranda Henriques.
Alagoa Nova surge como distrito só no ano de 1837 pela lei provincial número 6, subordinada a Campina Grande, apenas 13 anos mais tarde, isto é, 1850 é aprovada a lei provincial número 10, desmembrando Alagoa Nova de Campina Grande, daí em 27 de fevereiro de 1851 torna-se Distrito Sede.
Para mais informações sugiro que o leitor consulte o site do IBGE, ou o livro de José Borges de Sales, entre outros artigos de dissertação sobre a História de Alagoa Nova.
Fonte: Família Maracajá, da Paraíba aos confins do Brasil, Marcos Maracajá, em revisão.
Galeria Alagoa Nova e sua gente
Foto: Instituto do Ceará
Foto: PB Blogspot
Foto: Luís Avelima
Desenho: Luís Avelima
Termo de óbito de Maria José Freire, esposa do Capitão José de Abreu Tranca, um dos fundadores de Alagoa Nova.
Foto: Marcos Maracajá (editada)